Na tentativa de entender o misterioso suicídio de sua irmã mais nova, Dana se envolve em um jogo perigoso. Desesperada para descobrir o que aconteceu, a estudante explora o histórico online da irmã, revelando um sinistro jogo nas redes sociais.
Reviews e Crítica sobre O Jogo da Morte
Há uma linha tênue entre falar sobre suicídio e incentivá-lo. O risco é especialmente elevado onde existem oportunidades de imitação. Acredita-se que o Desafio da Baleia Azul, que se tornou uma sensação mediática por volta de 2015, tenha começado como um pânico moral, mas a crença nele parece ter subsequentemente levado vários indivíduos a formar grupos imitadores, resultando em mortes. É possível abordar isso com segurança num filme de ficção? Como equilibrar os benefícios potenciais da sensibilização com o risco de reviver a ideia?
Antes de prosseguir com esta crítica do filme de Anna Zaytseva, exibido no âmbito de Fantasia 2021 , aqui vai um conselho: se você estiver tendo pensamentos suicidas, entre em contato com um desses serviços especializados , onde poderá falar com pessoas que entenderão seus sentimentos e pode lhe fornecer apoio. O desejo de morrer, ou a sensação de que não há outra escolha, pode ser avassalador no momento, mas muitos de nós já passamos por esse lugar e nos encontramos vivendo uma vida plena depois de recuperarmos o equilíbrio.
#Blue_Whale se preocupa com o que acontece quando uma jovem – Yulia (Polina Vataga) – não se recupera, mas toma medidas drásticas. Deixada para juntar os cacos está sua irmã Dana (Anna Potebnya), que se sente alienada de sua mãe pela perda mútua. Ao perceber que sua irmã está participando do Desafio da Baleia Azul, ela faz uma escolha que lembra aquela de The Vanishing, de 1988 , inscrevendo-se ela mesma no Desafio para tentar descobrir o que aconteceu e – talvez – encontrar os responsáveis.
O que impressionará a maioria das pessoas no filme é que ele é apresentado inteiramente por meio das telas do computador e do telefone de Dana, como uma colagem de gravações costuradas (algumas delas supostamente apagadas no meio, mas qualquer pessoa com algum conhecimento de hardware de computador irá sei que isso não é fácil de fazer). É claro que isso já foi feito antes em filmes como Searching , de 2018 , e está se tornando cada vez mais comum, mas é particularmente interessante neste caso devido à grande quantidade de dados apresentados na tela e ao fato de que a versão em inglês foi massivamente reconstruído para traduzir tudo isso também em inglês (inicialmente houve uma tentativa de traduzi-lo apenas através de legendas, mas isso realmente não conseguiu transmitir a profundidade da história expressa em todos os outros textos). O esforço lembra a rica tradução de Night Watch de 2004 , para que os espectadores não fiquem surpresos ao saber que o diretor do filme, Timur Bekmambetov, está a bordo como produtor.
O design de produção envolvido em tudo isso é extremamente impressionante e há muitas histórias paralelas ao fundo, o que significa que alguns espectadores serão atraídos para assisti-lo várias vezes. O comportamento de membros aleatórios do grupo comentando o que veem é muito bem observado, às vezes deprimente e às vezes muito engraçado. Ajuda o espectador a suspender a descrença quando algumas das imagens que vemos aumentam a credulidade no que diz respeito ao formato – por exemplo, quando vemos Dana filmando-se cuidadosamente, mesmo enquanto corre aterrorizada. Também ajuda na construção psicológica de palavras, ajudando a tornar a personagem por trás de tudo, Ada Morte (que pode estar em uma ou mais pessoas), uma figura intimidante, apesar de sua máscara brega estilo Slipknot.
Os meios através dos quais todo o esquema funciona envolvem quebrar psicologicamente as pessoas e isolá-las dos seus amigos para que se tornem mais fáceis de manipular. Isto é feito, inicialmente, obrigando-os a conectarem-se às 4h30 todos os dias para que o seu sono seja perturbado, e depois através de uma série de desafios diários que se tornam gradualmente mais extremos (como em filmes como 13 Pecados ), envolvendo os participantes. na falácia dos custos irrecuperáveis – a sensação de que, por já terem feito tanto, não podem dar-se ao luxo de parar agora. Há aqui lições úteis para os jovens espectadores sobre como identificar e resistir a tal manipulação, e o filme aborda alguns dos outros contextos em que é usado.
Quando isso não funciona, ocorre uma intimidação direta e aqui entramos em um território de suspense mais tradicional. Alguns dos segredos que emergem estão relacionados com descobertas da vida real sobre o Desafio da Baleia Azul e aqueles que o exploraram. Os elementos narrativos originais não são particularmente fortes e a maioria dos espectadores verá o final chegando a alguma distância, mas, apesar de alguns trechos lentos no meio, é bastante bem entregue. Zaytseva garante que fiquemos atentos ao fato de que há vários adolescentes já em situação de risco envolvidos e, à medida que os conhece, Dana tem que contar com o fato de que, mesmo que consiga pôr fim ao desafio, ela provavelmente não pode salvar todos eles.
O filme é explorador? Talvez sim, mas há uma forte possibilidade de atingir pessoas em risco onde os serviços de apoio não conseguem, encorajando-as a reflectir sobre a complexidade dos seus sentimentos e como podem ter sido exploradas (porque o bullying não precisa de fazer parte de um plano organizado). Zaytseva parece estar genuinamente tentando ajudar. Há um foco no fato de que nada que Yulia pudesse ter feito poderia impedir sua mãe e sua irmã de amá-la, e na importância de compreender que sempre há um caminho de volta. A forma da história também funciona como um lembrete de que a raiva dirigida para dentro pode ser dirigida ao alvo errado.
Deixando de lado as preocupações sociais, este é um pequeno thriller decente que se beneficia de um design muito forte, e Potebnya é um protagonista competente. embora seja voltado para adolescentes, tem conteúdo suficiente para manter o interesse dos espectadores mais velhos também, e é inteligente o suficiente para não ser dogmático em relação à Internet, reconhecendo que, embora existam predadores por aí, também pode ser uma ferramenta para se conectar com amigos que permanecerão com você não importa o que aconteça.
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